“É um trabalho de apoio das forças de segurança do nosso Estado ao Estado vizinho", declarou o vice-governador e secretário da Segurança Pública, delegado Ranolfo Vieira Júnior.
A execução de ações integradas de inteligência e tática operacional pelas forças de segurança do Rio Grande do Sul resultou, entre a noite da quarta-feira (2/12) e a manhã desta quinta-feira (3/12), na prisão de oito suspeitos de envolvimento no assalto ao Banco do Brasil em Criciúma (SC), ocorrido na segunda-feira (30/11). Os detalhes sobre a atuação conjunta de Brigada Militar (BM), Polícia Civil (PC), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Instituto-Geral de Perícias (IGP) foram divulgados na nesta quinta (3), em coletiva de imprensa na sede da Secretaria da Segurança Pública no RS, em Porto Alegre.
O vice-governador e secretário da Segurança Pública, delegado Ranolfo Vieira Júnior, abriu a coletiva explicando a atuação das forças de segurança gaúchas nas últimas 24 horas, que apoiam integralmente as polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal catarinenses e também a Secretaria da Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC) desde o momento que o ataque ao banco ocorreu. Ranolfo citou inicialmente as prisões de seis homens, entre a noite de quarta e a madrugada de quinta, que podem ter atuado direta ou indiretamente na ação criminosa. Durante a coletiva, chegou a informação da prisão de outros dois suspeitos.
“É um trabalho de apoio das forças de segurança do nosso Estado ao Estado vizinho. Quem vai investigar o caso é a polícia de Santa Catarina, pois o fato ocorreu lá. Então, nós estamos aqui na condição de apoiadores, dentro da integração existente entre as duas unidades da federação”, pontuou.
A PRF que atua no Rio Grande do Sul capturou cinco dos oito envolvidos – três deles na cidade de Passo de Torres, divisa com Santa Catarina, e outros dois em São Leopoldo. Conforme o delegado João Paulo Abreu, titular do Departamento Estadual de Investigação Criminal (Deic), como medida de segurança, a dupla presa no Vale do Sinos foi transferida para o Estado catarinense ainda na manhã desta quinta-feira (3/12), após o flagrante ter sido lavrado na unidade, pelos crimes de organização criminosa e roubo a banco. Segundo informações da PRF, eles foram abordados em um veículo com placas de São Paulo, dentro do qual foram apreendidos R$ 8 mil.
“Desde a madrugada do crime mobilizamos nossas equipes para buscar informações sobre o deslocamento daquele comboio de veículos dos criminosos. Coordenamos uma ação com a BM para montar barreiras em locais estratégicos e somar esforços no monitoramento e possível interceptação. Após essa fase, passamos a mobilizar a inteligência, de forma integralmente coordenada com Santa Catarina. Na quarta-feira (2), obtivemos a informação de um veículo que teria possível vinculação com a ação criminosa. Fizemos a interceptação em São Leopoldo e coordenamos os encaminhamentos com a Polícia Civil gaúcha. Na madrugada, também a partir de informação da inteligência, abordamos outro veículo em Passo de Torres (SC), com três indivíduos”, detalhou o superintendente da PRF, Luís Carlos Reischak.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Brigada Militar prendeu um indivíduo no município de Três Cachoeiras, na divisa com Morrinhos do Sul, a cerca de cem quilômetros de onde o ataque ocorreu. O homem estava numa residência, onde os policiais encontraram uma calça com vestígios de sangue, o que pode indicar que outro homem envolvido no roubo e que estaria ferido também esteve no local. O vice-governador esclareceu que a casa pode ter servido de ponto de transição após o ataque.
As últimas duas prisões foram realizadas pela Polícia Civil gaúcha. Dois homens foram capturados na cidade de Gramado. Um deles foi localizado em uma casa alugada, e outro em um matagal nas proximidades, enquanto tentava escapar. Dos oito presos no RS, a maioria é paulista – um também tem RG do Paraná –, e a polícia trabalha para confirmar as identidades. Em São Paulo, a Polícia Militar daquele Estado deteve uma mulher suspeita de envolvimento no roubo.
Para a chefe de Polícia do RS, delegada Nadine Anflor, o fato de o ataque envolver pessoas de fora do Estado pode indicar a participação de facções paulistas no ataque, e o sucesso das abordagens em território gaúcho são resultado da intensa troca de informações e atuação conjunta entre as forças de segurança do RS. “Todas as ações foram coordenadas junto aos demais órgãos de segurança envolvidos, num verdadeiro trabalho integrado”, avaliou.
O coronel Rodrigo Mohr Picon, comandante-geral da Brigada Militar, corporação que tem realizado patrulhamento na divisa com Santa Catarina e buscas pelo território gaúcho, deu detalhes sobre a ofensiva que resultou na detenção de um dos criminosos.
“Na noite da quarta (2), recebemos uma informação da inteligência de Santa Catarina quanto à possibilidade de uma casa, em localidade entre Morrinhos do Sul e Três Cachoeiras, estar sendo utilizada por estes criminosos. Encaminhamos nossa inteligência e o Bope-RS. Às 5h30min da manhã desta quinta-feira (3), foi feita a abordagem deste local e a prisão de um indivíduo. Se identificou, dentro da casa, vários objetos com características daqueles utilizados no crime, desde uniformes, material para uso de explosivos, tinta, spray, provavelmente usada para pintar de preto as janelas dos veículos dos criminosos”, informou.
A diretora-geral do IGP, perita criminal Heloísa Kuser, explicou que duas equipes de perícia criminal da instituição realizaram o trabalho pericial na casa, com coleta de vestígios biológicos. Ao todo, foram recolhidos o equivalente a 300 litros de material – vestes, objetos e cédulas de dinheiro – para confronto. O papiloscopista da equipe também fez a coleta de impressões digitais, que poderão identificar suspeitos de participação no roubo.
O vice-governador destacou ainda que as buscas seguirão acontecendo no Rio Grande do Sul “com a possibilidade de prender mais indivíduos que tenham ligação com este fato de Criciúma”.
Informações: Governo do RS