No Estado, entre os que compareceram, mais de 60% são eleitores que possuem do Ensino Médio incompleto ao Superior completo
A análise do eleitorado que deixou de comparecer às urnas no Rio Grande do Sul mostra que a maioria estudou somente até o Ensino Fundamental. Essa fatia dos eleitores compõe 57% dos 1.699.093 gaúchos que se abstiveram no 1º turno. Os dados foram selecionados a partir da plataforma de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 2 de outubro, a abstenção no Estado ficou em 19,78%, percentual pouco maior do que o registrado no primeiro turno das eleições de quatro anos atrás, em 2018. Naquele pleito, 18,14% não foram votar.
Entre as eleitoras e eleitores que não compareceram às seções eleitorais dos 497 municípios, 35% (594.467) tem Ensino Fundamental incompleto, 10% completou este grau de instrução (172.088), 6% (109.166) sabe ler e escrever e 5% (92.403) são analfabetos. Neste grupo, em que o voto é facultativo e dispensa justificativa, inclusive, é maior a proporção de pessoas que se absteve: de um total de 158.271 eleitores gaúchos que não sabem ler nem escrever, 57% não votaram no primeiro turno.
O secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), Daniel Wobeto, explica que a Corte não tem um estudo relacionando escolaridade e abstenção, mas destaca que parcela desses eleitores pode estar com dados ainda desatualizados. No Estado, 77% do eleitorado fez o recadastramento biométrico.
— A biometria é uma indicação de atualização de dados, mas precisamos lembrar que os primeiros eleitores fizeram o cadastro em 2009, na cidade de Canoas. Então, um jovem à época talvez já tenha uma profissão de grau superior e lá atrás ainda era estudante. Ainda assim, o recadastramento biométrico é um indicativo relevante — explica.
Conforme o cientista político Sérgio Simoni Júnior, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), fatores sociais e econômicos, como a menor renda, são determinantes na dificuldade de acesso às seções eleitorais.
Na semana que antecedeu o domingo das eleições, o país debateu a indisponibilidade do transporte público no dia do pleito. A discussão começou porque a Câmara dos Vereadores de Porto Alegre aprovou um projeto de lei que revogou a isenção nos coletivos em determinadas datas, incluindo as eleições. Após vários revezes, o prefeito Sebastião Melo voltou atrás e liberou a gratuidade, assim como um novo texto do Executivo foi protocolado no Legislativo municipal.
Segundo Simoni, o transporte coletivo gratuito é uma forma de diminuir as dificuldades econômicas e permitir que as pessoas possam exercer o direito ao voto:
— Foi uma mobilização nunca vista antes. De um lado, forças tentando dificultar o comparecimento às urnas, e de outro, um grupo que buscava incentivar os eleitores a irem votar. Precisamos de mais estudos relacionados ao impacto da disponibilidade do transporte gratuito nas eleições, mas é plausível dizer que houve aumento da abstenção entre as pessoas de baixa renda.
Informação: Gaúcha Zero Hora