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Rio Grande do Sul é o Estado com mais pessoas identificadas por envolvimento em protestos contra eleições no país
Brasil
Publicado em 17/11/2022

Polícias identificam 165 envolvidos em bloqueios de estradas e vias junto a quartéis do Brasil, sendo 54 no RS. Também são apontadas 148 empresas

O Supremo Tribunal Federal (STF) já recebeu de 15 unidades da Federação relatórios sobre os manifestantes que agem nas estradas e em frente a quartéis. Os ativistas políticos cobram que as Forças Armadas impeçam a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente do Brasil. Os documentos que apontam líderes dos atos, classificados de antidemocráticos pelo Supremo, foram enviados pelas polícias Militar e Civil de cada Estado, além da Polícia Federal e do Ministério Público.

Na mira estão manifestações convocadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que consideram fraudados os resultados da eleição presidencial e que promoveram bloqueios de estradas e vias próximas às sedes de comandos militares do Exército. Os atos públicos, que se prolongam desde 31 de outubro, pedem intervenção federal no país (com ajuda militar para que Bolsonaro permaneça no cargo...).

O relatório compilado até agora pelo STF, ao qual GZH teve acesso, tem 418 páginas e identifica 165 pessoas, entre lideranças, financiadores e participantes, além de 127 veículos utilizados nos bloqueios. O Rio Grande do Sul lidera o ranking  de manifestantes identificados, com 54, sendo 33 apontados como lideranças. Santa Catarina vem em segundo, com 49 citados, dos quais 22 seriam líderes. Em número de veículos envolvidos, a liderança está com Mato Grosso, com 75. De empresas, São Paulo, com 30. 

Alguns apontamentos, como o feito pelas polícias gaúchas, individualizam líderes, identificam os donos de veículos usados em piquetes nas estradas, os responsáveis por alugar banheiros químicos e carros de som, inclusive com base em dados divulgados pelos próprios participantes nas redes sociais. Outros documentos são menos aprofundados e se limitam a apontar veículos, com respectivas placas.

As listas enviadas ao STF incluem ainda 148 empresas de transporte, logística e indústrias, de todo o Brasil (inclusive Rio Grande do Sul), cujos caminhões foram apontados pelos policiais (e, via de regra, fotografados) como participantes de obstrução de vias, inclusive urbanas. Foram expedidas intimações aos defensores dos empresários, cobrando explicações. As listagens das empresas, com base em levantamentos policiais, foram enviadas por juízes federais de Goiás, Santa Catarina, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal. A maior concentração desses veículos de carga foi verificada na semana posterior à eleição de 30 de outubro. Já nas demais unidades da Federação a identificação preponderante é de indivíduos, não de empresas.

Os listados

Acre - identificados dois fazendeiros como financiadores de bloqueios em estradas e acampamentos em frente a quartéis. Com relação a manifestantes, não foram individualizados. Um acampamento em via foi retirado.

Ceará - apontados 21 donos de veículos envolvidos em piquetes em frente a quartéis das Forças Armadas, entre eles um PM e um policial penal. Foram identificados também um empresário e duas empresas como financiadores de bloqueios em estradas.

Espírito Santo - foram apontados um candidato a vereador, uma professora aspirante a deputada estadual e um candidato ao mesmo cargo (todos não eleitos) como principais articuladores de protestos em frente a quartéis, bem como um caminhoneiro e um instrutor de tiro, nos bloqueios de estradas. Os demais manifestantes não foram individualizados.

Goiás - dois empresários, um ex-vereador, dois candidatos a vereador, um ruralista e um ex-candidato a prefeito foram apontados como líderes de bloqueios de estradas.

Maranhão - foram identificados como líderes das manifestações em frente a quartéis do Exército um investigador da Polícia Civil e um empresário, ambos candidatos derrotados a deputados estaduais. Eles integram um movimento chamado "Patriotas do Asfalto". Foram também apontadas duas empresas que despejaram entulhos para bloquear rodovias.

Mato Grosso - identificados 75 caminhões envolvidos em bloqueios de vias. Na maioria dos casos, sem citar nomes, apenas os veículos.

Mato Grosso do Sul - foram identificadas sete lideranças de protestos e bloqueios de vias próximos a quartéis. São eles: uma médica, uma servidora do Legislativo, um ex-prefeito, um comerciante, um agricultor e dois pecuaristas.

Minas Gerais - foram apontados como líderes de acampamentos em frente a quartéis dois empresários, ligados ao movimento Direita BH.

Paraná - apontados 11 líderes de bloqueios e/ou manifestações próximas a quartéis. Entre eles, três empresários e um candidato a deputado estadual (não eleito). 

Piauí - foram identificados quatro veículos (e seus donos) que bloquearam rodovias ou usaram sistema de som para convocar bloqueios.

Rio de Janeiro - foram identificadas 15 empresas de transporte e logística com veículos que atuaram em bloqueios de vias.

Rio Grande do Sul - a Polícia Civil identificou 21 participantes de bloqueios de estradas ou vias próximas a quartéis do Exército. Entre os identificados estão um que foi eleito deputado federal, um vereador e dois candidatos a deputado estadual. A BM, por sua vez, apontou 33 líderes desses protestos. As listas de supostos líderes dos protestos têm pelo menos quatro servidores da Segurança Pública.

São Paulo - o relatório se limita a identificar 30 empresas cujos veículos bloquearam rodovias.

Santa Catarina - o Ministério Público Federal apontou listas de 27 veículos de indivíduos e empresas que bloquearam rodovias. E  22 pessoas consideradas líderes dos bloqueios.

Tocantins - remeteu fotos de bloqueios, nos quais é possível identificar veículos. Não fez a identificação dos indivíduos que lideraram as manifestações.

Inclui parte das empresas envolvidas em bloqueios de vias, já que nem todas listas apontam o Estado onde ocorreu ilegalidade.

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