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Investimentos, financiamentos e dívidas: saiba como ficam com o início do ciclo de baixa da Selic
03/08/2023 08:39 em Economia

Além de impacto imediato para financiamentos, efeitos prolongados favorecem a criação de vagas no mercado de trabalho e o ambiente de negócios 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (2) reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano. No primeiro momento, a redução de juros, a primeira em três anos, terá efeitos sobre os financiamentos e operações de crédito. Por outro lado, um ciclo ampliado tende a beneficiar pessoas, empresas e o governo, pois gera melhorias no ambiente para investimentos e contratações.  

É o que explica o diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro, ao comemorar a redução. Ele alerta que o impacto imediato é restrito, uma vez que enquanto a Selic estava a 13,75%, as taxas ao consumidor podiam superar os 450% ao ano, caso do cartão de crédito. 

— Dá um refresco, mas pontualmente vai diminuir alguns centavos ou reais no valor dos financiamentos, naturalmente que essa queda, junto com as demais que virão trazem um efeito mais profundo para a economia. 

O economista acrescenta que, de modo geral, a Selic menos elevada significa que o "país cresce mais, gerando emprego e renda". E afirma argumenta que o ciclo ampliado de queda de juros será positivo para a indústria e para o comércio: 

—  Tem impacto positivo para todos, ela só não é positiva em um ambiente de inflação, porque aí precisa ser elevada para conter o descontrole de preços. É por isso que os países perseguem a chamada taxa neutra, que daria um equilíbrio, ao ser suficientemente baixa para não afetar o consumo e o crescimento e suficientemente alta para conter a inflação.

Veja quais são os impactos esperados

Financiamentos: a Selic é referência para todos os preços de juros no país, seja o do financiamento de carros, casas, eletrodomésticos ou de crédito consignado. Quando essa classe de despesas fica mais baratas, sobra mais dinheiro para o orçamento doméstico, que poder ser direcionado ao consumo.  

Aplicações financeiras: com juros mais baixos, há impactos nos rendimentos de poupança e produtos de investimento como os fundos. Com isso, investimentos em renda variável ficam mais atrativos, o que privilegia o ambiente da bolsa de valores e as companhias brasileiras.

Dívida pública: o governo remunera os títulos de dívida tendo a Selic como referência. Nesse caso, juros mais baixos significam alívio para o custo da dívida, o que deixaria mais recursos para promover melhorias nos serviços públicos. Mas isso depende da atual situação fiscal que já demanda por cobrir a PEC da Transição, que elevou em cerca de R$ 200 bilhões os gastos públicos. 

Mercado de trabalho: quando as empresas, que necessitam de capital de giro para ampliar a sua produção, passam a pagar menos pelo crédito, o ambiente para novas contratações tende ser favorecido e a gerar mais aquecimento para o mercado de trabalho e renda.  

Empresas: com menos despesas associadas ao investimento, a necessidade de repassar esses custos ao valor do produto final também diminui e pode gerar redução de preços para uma série de itens no mercado. 

Informação: GZH

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