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Setor calçadista gaúcho poderá deixar de produzir 53 milhões de unidades neste ano em função da pandemia
24/04/2020 11:27 em Região

Com o avanço do coronavírus e a produção em queda, o setor calçadista já demitiu mais de 24 mil trabalhadores em todo o país

 

Um dos maiores polos fabricantes do Brasil, o Rio Grande do Sul poderá deixar de produzir, neste ano, 53 milhões de pares de calçados. Em 2019, o Estado produziu 200,4 milhões de pares. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que estima encolher a produção no Brasil em ao menos 49% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

Com o avanço do coronavírus e a produção em queda, o setor calçadista já demitiu mais de 24 mil trabalhadores em todo o país. No Rio Grande do Sul, 5.500 postos de trabalho já foram fechados. O Estado fica atrás apenas de São Paulo, que demitiu 7.900 pessoas entre os dias 23 de março e 17 de abril.

Após uma estimativa positiva divulgada no início de 2020, de crescimento de até 2,5%, a crise provocada pelo avanço da pandemia fez com que a expectativa fosse revisada para uma queda de mais de 26% em relação a 2019. O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, afirma que a crise já fez com que o setor perdesse 9% (cerca de 270 mil) do total de empregos gerados pelas indústrias de calçados em dezembro. “O principal problema enfrentado pela indústria calçadista neste período tem sido o cancelamento de pedidos, bem como a postergação e faturamento dos mesmos. Com o varejo fechado, assim como a retração da demanda, não temos novos pedidos, não temos o que produzir. O setor, como produtor de moda, não tem a praxe de trabalhar com estoques”, lamenta o dirigente.

Segundo Ferreira, pesquisa realizada pela Abicalçados aponta que 51% das empresas do setor estão com atividades paralisadas, ou apenas finalizando produtos para utilização da matéria-prima em estoque, para posterior paralisação, sendo que 23% delas não têm previsão de retorno às atividades.

Exportações

Além do impacto no varejo brasileiro, as exportações de calçados também foram afetadas. Após uma queda de 8,5% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, os embarques devem cair, pelo menos, 46,4% no segundo trimestre, conforme projeções da Abicalçados. Com isso, no primeiro semestre o revés pode ficar em 23,2%, com o ano fechando com retração de 27,3%, sempre na relação com igual período do ano passado.

A Abicalçados, associação que representa as mais de 6 mil empresas produtoras de calçados do País, divulgará as revisões das projeções semanalmente.

Foto: Abicalçados

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