Em recurso contra bandeira vermelha, entidade garante que a região tem estabilidade.
É com base em relatório em que se evidencia o percentual de internações hospitalares e a evolução da recuperação de pacientes que a Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) tenta, novamente, evitar que a região vá para a bandeira vermelha no Modelo de Distanciamento Controlado do governo do Estado. A decisão será anunciada nesta segunda-feira (13) pelo governador Eduardo Leite (PSDB).
O pedido de reconsideração, encaminhado no sábado, aponta no critério velocidade de avanço, por exemplo, que as hospitalizações caíram de 1,08 na semana de 26 de junho a 2 de julho para 0,98 na semana de 3 a 9 de julho, ou seja, 10%. Nesse mesmo período, o índice de UTI ocupada baixou de 1,44 para 1,15 (20,14%), diz o documento.
Também consta que, segundo a metodologia oficial, o número de hospitalizações confirmadas para covid-19 registradas nos últimos sete dias difere do número utilizado para definição da bandeira regional.
"Na leitura da base de dados, encontram-se 44 novas hospitalizações, e não 82. Percebe-se que o modelo calcula as hospitalizações a partir do dia 26 de junho e diminui os curados com data de evolução dentro do período, divergindo da metodologia informada", diz o recurso apresentado pela Amesne.
No segundo item, o Estágio de Evolução, foi identificada melhora em relação ao período anterior, com aumento do número de curados de 42% na semana de 26/06 a 02/07 e 51% na semana de 03/07 a 09/07.
"Houve uma significativa melhora no indicador estágio da evolução de 15,52%", justifica a argumentação enviada ao governo.
Ainda é salientado que, na conferência da base de dados, verificaram um erro de informação lançada no sistema, sendo que 240 registros estão lançados pelos municípios como "curados", porém, por um erro de digitação, sem data de evolução informada (ou seja, aparecem ainda como doentes). Em função dessa divergência é alegado que houve prejuízo na análise.
"Verifica-se, neste cenário, apenas 27% de ativos e 73% de curados, demonstrando que a Serra está controlando o avanço da pandemia", consta no recurso.
– A Serra tem estabilidade, mesmo com a piora no Estado. A piora no Estado é que nos empurra para a bandeira vermelha. A Serra não poderia ser penalizada por causa desse fator e a gente mostra isso. O que evidencia? Que o modelo de distanciamento, e a gente vem alertando o governo do Estado há algum tempo, precisa ser aperfeiçoado. Não reflete a real situação das regiões. É um bom modelo, mas precisa ser aperfeiçoado, sob pena de cometer injustiças como estaria sendo cometido com a nossa região – diz o presidente da Amesne, prefeito de Cotiporã, José Carlos Breda (PP).
Breda diz ainda que tem a convicção de que permanecerão na bandeira laranja por tudo o que está evidenciado.
Por duas semanas seguidas, a Amesne conseguiu reverter a decisão do governo do Estado de trocar de bandeira laranja para vermelha na região.
Rigidez na avaliação e gastos elevados para as prefeituras
No terceiro tópico do relatório da Amesne, que é incidência de novos casos, é alegado que "quanto ao índice projeção dos óbitos percebe-se que, mesmo com o aumento dos internados em UTI, apresentou melhora em relação à semana anterior com significativa queda de 2,2 para 1,73 (21,4%)." No documento, a entidade diz que há uma rigidez na avaliação por se tratar de uma pandemia, sendo que para permanecer no laranja, permite-se apenas três hospitalizações a cada 100 mil habitantes. E aí entra o fato de as contaminações ocorrerem em frigoríficos.
"Entende-se que, por ser uma pandemia, punir a região por apresentar mais de três hospitalizações a cada 100 mil habitantes, numa região com frigoríficos que atendem mercado interno e exportação e, ainda, muitas casas de permanência de idosos, é punir a atividade produtiva e punir a capacidade de atendimento dos idosos concentradas nesta região. Nesta região, 50% dos casos de covid são decorrentes de surtos em frigoríficos. A tolerância de casos deveria ser ampliada", defende.
No que se refere à capacidade de atendimento é dito que houve piora do indicador do Estado em relação ao período anterior. De acordo com a Amesne, em 9 de julho, a Serra possuía 85 leitos livres, gerando um custo de aproximadamente R$ 250 mil diários aos cofres públicos. Nesse ponto do documento, a representação dos municípios apresenta valores e pede reflexão:
“R$ 7,5 milhões por mês para mantermos leitos desocupados esperando pacientes e ainda influenciar para que a região aumente ainda mais para poder permanecer na bandeira laranja? Este critério poderia ser revisto, tendo em vista que há tendência de elevar gastos em abertura de novos leitos de UTI, para manter as atividades e a economia funcionando em bandeira laranja. Esses recursos financeiros poderiam ser destinados à prevenção da doença, como por exemplo: maior testagem da população ou até mesmo investimento em monitoramento intensivo para acompanhamento de grupos de risco.”
E acrescenta que a Serra aumentou sua capacidade de atendimento, com 107 novos leitos de UTI (71%), usando até o momento, para atendimento à covid-19, apenas a estrutura adicional, sem comprometer leitos disponíveis antes da pandemia. Diz ainda que todos os leitos ocupados utilizam apenas 64,5% dos leitos ampliados. Ou seja, 107- 69 = 38 leitos livres.
Informações: Pioneiro
Foto: Andréia Copeli/divulgação