Nos últimos dias, foram registradas mortes com torturas, corpos esquartejados e carbonizados na região
]A região vivencia um período de extrema violência como poucas vezes se viu. Não satisfeitos com execuções cometidas com múltiplos disparos de arma de fogo, as organizações criminosas que atuam na Serra voltaram a utilizar métodos com requintes de crueldade para demonstrar poder em relação aos grupos rivais. Tortura, decapitação, esquartejamento e corpos carbonizados são exemplos da barbárie resultante do conflito entre as facções que atuam na região.
A última semana foi a mais violenta do ano em Caxias do Sul. Foram 14 mortes em oito dias - a mais recente foi registrada no domingo. Os casos não envolvem apenas grupos do tráfico de drogas. Teve o caso de avó e neto assassinados durante uma briga com vizinhos semana passada.
No final de semana quatro pessoas morreram em confronto com a Brigada Militar em Farroupilha. Segundo a polícia, eles eram responsáveis por crimes chocantes praticados na região.
Investigações do setor de inteligência do Comando Regional da Brigada Militar apontaram uma pequena casa na Linha Rio Burati, no interior de Farroupilha, como local de cativeiro, tortura e mortes praticadas com extrema violência e divulgadas em imagens por meio de redes sociais. Foi nesse imóvel que policiais encontraram um grupo suspeito de praticar os assassinatos que horrorizaram os moradores da região nos últimos dias.
- Um vídeo começou a circular nas redes sociais do motoboy dizendo que iria vender a motocicleta para devolver o dinheiro que devia, desde que não fizessem mal para a família dele. Depois, apareceram fotos dele decapitado - informou o comandante do 4º Batalhão de Polícia de Choque, Diego Soccol.
A vítima era o motoboy Bruno da Costa, de 22 anos. Ele sumiu na quinta-feira da semana passada em Bento Gonçalves e o corpo foi localizado no dia seguinte, carbonizado, em Carlos Barbosa. Os vídeos ajudaram a polícia a encontrar o cativeiro.
- A inteligência do Comando Regional conseguiu levantar informações que nos direcionaram até aquela casa. Que teria um grupo criminoso naquele local, que poderia ser o responsável pelo esquartejamento desse motoboy e que estaria planejando cometer outros homicídios em Caxias, Farroupilha ou Bento. Nossos agentes monitoraram todo o dia o local e no final da tarde, início da noite, o Batalhão de Choque acabou aproximando e verificando a situação. Chegando nas imediações da residência (os policiais) foram recebidos a tiros, teve o confronto, culminando no óbito dos quatro indivíduos -relatou o comandante.
Uma mulher e três homens foram mortos na troca de tiros. Apenas um não foi identificado. Os outros três tinham antecedentes policiais. Na casa, a polícia apreendeu armas e uma caminhonete furtada. Também foram encontrados vários objetos que aparecem nas fotos e no vídeo. O grupo é investigado ainda por outro crime bárbaro. Um corpo esquartejado e abandonado dentro de uma mala, na última quarta-feira, perto do esconderijo e da RS-453, na mesma localidade de Farroupilha.
Brutalidade assusta moradores
A crueldade dos crimes recentes na Serra chocaram e assustam os moradores das proximidades de onde os casos ocorreram. Vizinha da casa em que moravam o casal e a criança mortos a tiros no Jardim Iracema, na semana passada, que preferiu não se identificar à reportagem, se disse abalada e afirmou que iria mudar de endereço.
- Eu não vou ficar mais aqui. Pode acontecer algo comigo e com a minha filha. Podemos morrer sem nem saber o que está acontecendo, com bala perdida, não quero nem pensar. Estou com muito medo - disse logo após o crime.
No começo de outubro, moradores do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz viveram momentos de tensão. Assustados, afirmaram que o bairro vive, atualmente, mais uma disputa por pontos de tráfico entre grupos rivais. O temor e o medo aumentaram depois de uma dupla tentativa de homicídio e um assassinato na localidade.
Um morador da Linha Burati falou à RBS TV Caxias que dava graças a Deus pela polícia ter encontrado o cativeiro, que era ele e a família quem estavam presos dentro de casa. Ele parabenizou a polícia e agradeceu muito. Disse ainda que nunca foram ameaçados, mas que são várias casas onde vivem famílias com crianças no entorno daquela que foi usada pelos suspeitos, que, então, o medo era grande e por isso, não denunciavam.
Informações: Pioneiro