No total, 11 amostras de moradores de Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira e Serafina Corrêa foram analisadas
Ainda em março, o Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, identificou pacientes com diagnóstico positivo de covid-19, cujo ciclo de agravamento ocorreu de forma mais precoce do que antes se verificava. A instituição tomou a iniciativa de enviar para análise amostras de 11 diferentes casos com o objetivo de identificar possíveis novas cepas de coronavírus na região. Dentre os casos, quatro deles foram confirmados como sendo da linhagem P.1, outros três da variante P.2 e mais dois como B 1.1.28. As duas amostras restantes foram consideradas inconclusivas.
O material foi coletado a partir de pacientes com moradia fixa em Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Pinto Bandeira e Serafina Corrêa, confirmando a disseminação de variantes virais em diferentes pontos da Serra gaúcha. O sequenciamento do RNA das amostras de Sars-Cov-2 foi realizado pelo Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS), comandado pelo virologista Fernando Spilki.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o agravamento da pandemia no Brasil ocorreu a partir de duas linhagens virais, uma delas a B.1.1.28, identificada inicialmente no Amazonas. Foi ela que, após mutações, originou a variante P.1, encontrada também no Amazonas, e a P.2, descrita pela primeira vez no Rio de Janeiro. Ambas são consideradas "variantes de preocupação", e apresentam modificações na proteína spike, estrutura do vírus que se conecta às células humanas.
Mesmo antes da conclusão das análises, o Tacchini reorientou suas equipes técnicas, redobrando o rigor no uso de EPIs. De acordo com Nicole Golin, infectologista da instituição de saúde, a confirmação da presença das novas variantes reforça ainda mais a necessidade de cuidados preventivos por parte da população.
— Quanto maior a disseminação do vírus, maior a velocidade de replicação viral e, consequentemente, maior a probabilidade de surgimento de novas mutações e variantes. Por isso, é fundamental a continuidade das medidas de prevenção, que são a higienização frequente das mãos, uso de máscara e evitar aglomerações — alerta Nicole.
A partir dessas descobertas, volta o questionamento: "Vacinas fazem efeito em novas cepas?". Até o momento, os imunizantes disponíveis mostraram boa eficácia sobre as variantes citadas. Contudo, a infectologista lembra que, se a disseminação do vírus seguir no ritmo atual, novas variantes e mutações podem aparecer e afetar a resposta à vacinação, considerada a principal arma para o enfrentamento da pandemia até o momento.
Informações: Pioneiro